Noite tão cheia de estrelas! Aqui, tão alto e em meio ao silêncio do topo da montanha, quantas há… e eu não sabia que havia tantas… cadentes, quantas! E eu, que não sabia que podia haver tantas riscando o céu, não me preparei, não trouxe pedidos vários, só um. Podia inventar outros, mas tenho medo de enfraquecê-lo, meu pedido, inventando outros, medo de que as estrelas me achem pidona chata. Não tenho medo de altura, gosto dos altos, mas diante do abismo da inconveniência, tremo, me afasto, me recolho. Prefiro não arriscar: meu pedido, só uma estrela há de riscar no céu. Guardo sua imagem, escrevendo no céu o trato feito. Assim confio na estrela (agora minha estrela, pois que é meu pedido que a habita): trato feito e gravado no céu. Às outras, que eu não esperava ver, só agradeço… há tanto o que agradecer em um caminho que leve à noite estrelada, a uma só noite como esta… Minha estrela cai, talvez tenha ido morar sob a terra, é preciso fazer o sonho germinar.

Acorda o dia, tapete de nuvens aos pés do mirante. Logo, renasce a estrela maior, calor bom aquece o que há pouco era frio, me aquece por dentro. Tudo alto: o sol vai alto, a montanha mais alta, as aspirações, altas vão… no ponto mais alto que a própria ponta do dedo do Deus, que aponta o alto. Sino, que me mostrou pela vez primeira as estrelas que eu nunca havia visto, Sino que alto reverbera em mim.

Foto: Raquel Alves. Pedra do Sino. Teresópolis, RJ.