E afinal, o que quero? Quero a certeza de uma vida vivida e contra todos os que murmuram conformados que a vida é o que é, quero a vida escolhida. Contra todos os que se acomodam com dia após outro dia exatamente igual ao dia de anteontem, quero a surpresa do momento imprevisto em meio a meu dia, o momento que acende o brilho em meu olho e abre a largueza em meu sorriso, este mesmo momento que passou despercebido a um ou outro que, inerte e trancado no escuro dentro de si, não foi capaz de deixar a luz entrar, não foi capaz de se pôr aberto ao novo que chegava, não se pôs caminhando o caminho que é largo e amplo e que acaba levando a ladeiras inesperadamente coloridas, onde há música, sorrisos e jardineiras depois da curva que abriga mosaicos alegres nas memórias nossas. Ir ao encontro de cada dia e capturar o dia. Ser seguidor de Horácio, fazer dele mensageiro através dos tempos, pois que sua mensagem sempre será contundente. Ele que, filho de escravo liberto, soube amar a liberdade e antes mesmo que houvesse Cristo, anunciava: “Carpe diem!” e apontava o tempo passando, sempre, sempre, sem parar: “Enquanto estamos falando, terá fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos confia no de amanhã”. O tempo de Horácio é findo. O teu e o meu seguem, mas são fugidios. Agarra o momento! Carpe diem!