… aquele que prezava insetos mais que aviões e a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Aparelhado para gostar de passarinhos.
Há exatamente um ano, Manoel de Barros ficou encantado. Permanece vivo o encantamento que produziu em nós, enquanto esteve por aqui e, assim, permanece vivo ele próprio. A poesia de Nara Rúbia Ribeiro, abaixo, reflete a perenidade da existência daqueles que tocam o coração do outro.
Os que pisam com delicadeza sobre esta Terra: estes são os capazes de deixar as pegadas mais profundas.
Deus das insignificâncias
>>>>> para Manoel de Barros
(Nara Rúbia Ribeiro)
Peço ao Deus das insignificâncias,
dos pardais e dos sapos tagarelantes dos brejos
Que passarinhos de diversos coloridos
sejam algazarra em tua janela.
Que os caramujos do teu quintal
façam contágio de eternidade.
Que nunca te esqueças de que és bocó
e continues a descascar palavras,
só para brincar com os gomos.
Que saibas que o teu coração infinitou-se em nós
E que, a propósito dos teus despropósitos,
Decidimo-nos pelo verbo amar.
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