No dia depois do Natal
já era o menino nascido
e os abraços e cantos
repousavam na memória.
No dia depois do Natal
a vida seguia seu rumo
e o desejo de igualdade e amor
ameaçava também descansar.
No dia depois do Natal
não havia mais brinde, nem festa,
nem abraço longo, apertado
e externar amor sem ressalvas
já era, de novo, ridículo.
No dia depois do Natal,
embrulhos rasgados, laços desfeitos,
brinquedos jazidos num canto,
tão logo desnecessários.
No dia depois do Natal
havia vontade de só repousar,
inclusive do tanto sentir.
Mas a luz que se fez verdadeira
dentro do abraço do dia que veio antes
não repousou, germinando,
tecendo o fio de novos laços.
No dia depois do Natal
era preparada a chegada do Novo
e o Novo trazia consigo
o nascimento – agora, da menina.
Já tinha nome escolhido:
iria chamar-se Esperança.
__Mariane Branco.
Imagem: Ovo da Fênix, Norma Vondee.
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