Moça, pare de tentar fazer mergulhos profundos em gente que, no fundo no fundo, você sabe que é muito rasa para absorver o impulso do seu voo. Isso que você começa a pressentir agora é verdade: há vários poços rasos demais e os mergulhos neles poderiam machucar sua cabeça. Há, pior que isso, vários sítios que, de tão rasos, são mesmo poças. A insistência em caminhar por elas só te sujará os pés, talvez os deixe úmidos, frios, bolorentos até. Nessa altura, você já sabe, embora ainda não queira admitir, que deslizar por superfícies sem ver o que há no fundo não te basta – e como seria cômodo só deslizar pelas superfícies, sem precisar adquirir equipagem… O que você ainda não sabe é que você tem fôlego para ir além. Quando acreditar que tem força para ir ao fundo e voltar, quando parar de dissimular seu próprio fôlego para não parecer estranha, você vai acabar descobrindo que há gente que é mar azul, tranquilo, de água cristalina; gente que guarda, lá nas suas profundezas, um mundo de deslumbramentos. Quando fizer um mergulho por uma paisagem assim, ah, vai ser bonito, você vai ver! Aí você vai ter clareza de quão pobres eram os poços e a partir de então, você nunca mais vai se satisfazer com um tchibum qualquer. Não se preocupe não, você não estará só. A vida vai te ajudar a encontrar a turma do mergulho.
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