Fazer doce que a mãe fazia
é voltar à casa da mãe.
Pôr à mesa alegria
é dom que se traz de dentro,
passado, através do tempo,
de uma a outra cozinheira,
desde a velha feiticeira,
que em seu caldeirão fervia
curas, unguentos, magias,
nutrindo a Terra de amor.
Quando era a mãe que cozia,
o lume do fogo luzia
mais que o calor da ambrosia:
havia, então, um sabor…
sabor que agora é lembrança
de um tempo farto em bonança,
quando tudo era esperança
e receita alguma recria.
Mas hoje acordei criança:
fiz doce que a mãe fazia
e enquanto o doce fervia
o aroma que desprendia
visitava a vizinhança.
Servi à mesa alegria,
que como a mãe me dizia,
da vida tem que ser guia.
É, junto com a ambrosia,
a sua maior herança.
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