Estão viçosas as primeiras folhas dos pés de tangerina. O limoeiro também vai bem, verde e feliz; as sementes vingaram, as folhas cheiram bem. Os oréganos são tantos que nem sei onde mais usá-los, não param de crescer. Os vasos que guardaram as sementes de pimentinhas espalhadas sob a terra também estão cheiinhos de folhas, umas bem verdes, outras arroxeadas. Dá esperança, ver os vasos cheios de vida nova.
É um exercício de fé e um teste à constância de propósito, a manutenção do hábito da rega quando tudo o que se vê é a terra, sem sinal de verde na superfície… mas vale a constância do regar – sempre vale o regar, mesmo quando o verde ainda está sob a terra e não o vemos. Há que se cuidar para que o verde chegue: a chegada do verde exige algum esforço empreendido.
A roseira está mais forte que nunca, entendeu que a poda foi severa, mas necessária; segue crescendo e tento aprender com ela, aprendo com todas elas. As buganvílias, um dia condenadas pelas pragas, lavei, podei, mediquei, cuidei. Acreditei mais nas buganvílias que nas pragas. Era difícil acreditar que tivessem cura, mas acreditei, cuidei mesmo assim. Espetaram um bocado enquanto cuidava delas, assim como haviam feito as roseiras: às vezes, a reação primeira, nelas e em nós, é repelir o cuidado. É que o início do caminho da cura nem sempre é fácil. Agora me dou conta de que o espinho que me ficou no dedo e eu não conseguia tirar, aquele que tanto doía, não está mais lá. Não sei quando ou como ele saiu. Não doía mais, não percebi. Hoje as buganvílias estão cheias de flores e a cor delas sob o sol é viva, forte. Um dia, suas flores de várias cores terão tomado a tela, vai ser bonito; já é bonito como é agora. Hoje aprendi a iniciar pés de morangos. Frutos, por ora, não há, mas um dia virão, eu sei. Sigo plantando.
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