Benditos sejam os loucos, que constroem castelos com o irreal! Benditos sejam os loucos, que ousam amar amor que transcende, a ponto de parecer não-amor. Benditos sejam os loucos, que jejuam e agradecem o jejum que lhes permite alimentar-se de luz! Benditos sejam os loucos e os pincéis que Dra. Nise lhes entregou. Bendita Dra. Nise, que ousou visitar as Imagens do Inconsciente e nos fez ver – a cada um de nós, no fundo, todos loucos – a beleza em meio à desordem; Nise que enxergou afetividade na dissolução da realidade de Fernando Diniz, Fernando que usou o geométrico para juntar as coisas, que passou do acerto da Matemática à desordem da Fantasia e foi separando tudo em fileirinhas, para dar ordem ao caos dentro de si.
Nise enxergou mandalas, beleza e espiritualização onde outros só viram loucura, acolheu a loucura existente em cada um e repudiou os que buscavam fritar com choques a beleza e o afeto existentes na loucura; Nise nos fez passear pelo Reino das Mães que aprisionou Adelina Gomes, reino que tanto liberta quanto oprime – mãe e cria -, tanto salva quanto enlouquece, a depender de como se caminhe sobre seu solo; Nise que lançou às águas a iluminada Barca do Sol do místico Carlos Pertuis, Carlos que resgatava sementes do lixo, pois sabia que sementes não são para o lixo, sementes são para ser plantadas; Carlos franciscano, de amor indistinto por sementes, gentes e bichos.
Bendita a insanidade que ousa realizar Beleza, que desacredita da aparente sanidade em qualquer corpo ou ambiente desprovido de afeto; insanidade que, ao ousar a desconexão, nos salva de um mundo desconectado de sentidos maiores. Benditos sejam os loucos!
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