Minha mãe me ensinou assim: “Filha, quando tudo estiver bem, se arrume, para espalhar a alegria pro lado de fora. Quando tudo estiver mal, se arrume também, para trazer alegria de fora pra dentro. Não tem coisa pior do que, quando tudo está mal, olhar no espelho e ver uma coisa triste, desarrumada. Tristeza gosta de se esconder em cantos sombrios e desarrumados”. Aprendi assim.

Não sei andar por aí desarrumada, seria negar a sabedoria de minha mãe. Se a gente arruma a casa, como é que não vai arrumar o corpo, que é nossa única morada certa? Há que escolher tramas que tragam vida para nossa vida e sair por aí com cor, luz e perfume (aquele perfume que acolhe, que deixa marca discreta, mas que é marca, não aqueles que agridem os outros e que chegam como se todo o espaço pudesse ser seu).

Assim como na casa, não basta cuidar somente do que os olhos veem, há que cuidar também da energia que circula na casa, espanar os cantos, dar destino ao que está acumulado, podar folhas mortas, abrir as janelas e deixar a luz entrar. Está mal? Arruma, faxina, sacode a poeira, se livra das tranqueiras, inspira, expira, abre um sorriso, que é a janela da alma,  e deixa a energia boa fluir através do sorriso e da respiração: de dentro para fora, de fora para dentro.

 

Imagem:  Diálogo. Michael & Inessa Garmash