Quando decidiu olhar para dentro de si, finalmente começou a se enxergar. Ao se enxergar, passou a se compreender. Ao se compreender, alimentou-se de si mesma. Alimentada, pôde começar a se perdoar por tudo o que não havia feito por si. Ao se perdoar, ganhou leveza. Tendo leveza, aprendeu algo entre o voo e o nado fluido. Agora, sua visão boia, flutua, gorda feito baiacu, leve feito dirigível, passeia lenta sobre superfícies multicoloridas e telhados cinzentos e vai cevando com clareza suas entranhas que engordam, mas não pesam: leveza é alimento gordo que faz flutuar.
Imagem: Max Ernst; L’évadé (O Fugitivo), 1926.
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