Moça bonita, de olhar nublado,
a vida ensina: sofrer termina.
Escolhe a sorte, dá adeus à sina:
vida te espera depois da esquina,
não tenhas medo do que virá.
Vira a esquina, segue teu rumo!
Depois da curva te espera o mundo
e se não ousas virar a curva,
o mundo nunca te saberá.

Não saberás de ti nem tu mesma…
Vagar rasteiro é próprio da lesma.
Em ti vejo asas, podes voar!
Ah, moça linda, quem dera visses:
há tanta luz em teus olhos tristes!
Te empresto os olhos pra te enxergar.
Depois de se ver uma vez como a vejo,
garanto: a força renasce em desejo
de viver o sonho qualquer que sonhar.

Vai moça forte, confia na asa!
Virar borboleta é deixar a casca
e a casca é casa: normal a paúra.
Verdade que a casca, por vezes, é dura;
na tua, por ora, só vês a fissura,
mas se há rachadura, a luz pode entrar.
Moça, coragem, atravessa esse muro!
Adiante, só luz; casulo é escuro.
Virada a esquina, te espera o futuro.
Futuro é sem borda, lá podes voar.

 

Imagem: “Only for you”*, Catrin Welz-Stein.

*Ou: “[Only for yourself]”