Que ninguém se iluda: a liberdade tem seu preço. Mas também isto é verdade: há aqueles que a liberdade levou para conhecer o voo ainda no berço e foi durante esse voo que lhes brotaram asas. Estes estão condenados: dali por diante, serão irremediavelmente livres. Alguns deles tentam encobrir sua natureza alada e mantêm as asas amarradas por baixo de pesadas couraças, que embora lhes pesem, são tentativa de escudo para o peito. Amarram as asas porque elas parecem estranhas aos não-livres, que são maioria. No fundo, quase ninguém quer ser estranho. Alguns dos livres, também não. Mas observe bem, ao caminhar por aí; vez ou outra você verá: oops! uma pluma escapuliu por debaixo da couraça daquele ali e saiu levitando, deu cambalhotas no ar e ganhou o céu. As plumas, que só sabem aquilo para que foram inventadas, que não sabem nada além da leveza do voo, as plumas que teimam em se desprender… são as plumas que denunciam os livres.
Foto: Ludovic Florent
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