Ainda sinto e hoje sei que vou sentir para sempre. É que me permiti, por ti, um amor que transcende as barreiras impostas pelos que só sabem amar o amor com limites: limite de quantidade, de intensidade, limite de espécie. E fui te amando assim, de um amor grande e incontido, amor com ida e sem necessidade de volta, mesmo sabendo que havia limite no tempo de te amar; sabendo, todo o tempo, que o tempo seria findo bem antes que se houvesse esgotado o tempo do meu amor. E a consciência da finitude do tempo não fazia o amor se esgotar: ao contrário, ele crescia, alimentado pela volta que eu não esperava: reciprocidade. E a finitude derradeira do tempo não fez o amor se esgotar; ao contrário, ele ainda cresce, respira, leveda, transborda. Há dias em que transborda mais e espero que esse amor tanto, que derrama de mim, não se perca; que vire energia daquelas que viajam viagem longa, daquelas que duram tempo maior que o tempo de uma vida, maior mesmo que o tempo de tua vida – tão curta para o tanto amor que ainda tenho a te dar – bem maior que o tempo de minha própria vida, e chegue a ti, que tanta vida me deu; que esse amor que transborda vire luz e te alcance aí onde não sei, mas sei que é lugar onde há luz de uma intensidade que não conheço, lugar em que há espaço infindo, tão grande que comporta os amores imensos, infinitos, como o que tenho guardado em mim, por ti. Que a luz guarde em si calor e te abrace, te dê colo, te envolva, te nine. Te amei sem esperar volta e é só isso o que espero: que o amor te alcance, que haja um possível caminho de ida, caminho que não sei, mas que espero, exista.
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