Nunca fui guiada somente pela razão. Em mim, sempre falou alto a intuição e nisso, também, há lógica. A razão me foi sendo construída a partir do conjunto de coisas que sei. Quanto mais sei, mais adquiro elementos para a razão. Quanto mais elementos há, mais plural torna-se a razão e, por isso mesmo, por vezes contraditória em seus próprios elementos, confusa, difusa. A razão, então, nasce de elementos concretos e eventualmente dissolve-se em nebulosidade. A intuição, por sua vez, nasce do nebuloso não processado em mim, de todo o conjunto de coisas que não sei, mas sinto. Ocorre que o que não sei é – e sempre será – infinitamente maior, mais fascinante e mais forte do que aquilo que sei. A intuição nasce do difuso em cada um, mas encontra terreno próprio e concreto na infinitude.
Desde Sócrates, e antes mesmo dele, aqueles que têm fascínio pelo conhecimento sabem que o conhecimento é pequenina fração de algo muito maior, a que chamamos desconhecido. Uma vez que esta fração é tão diminuta e que cada um de nós retém uma ínfima parte dela, a busca pelo conhecido/desconhecido nos dimensiona. Não vivemos pelo que já sabemos. É a esperança de um dia sabermos o desconhecido que mantém acesa a chama da vida em cada um de nós. A intuição é o oxigênio que alimenta essa chama, é ponte para a conexão do homem com o infinito. Tenhamos consciência de nosso tamanho diminuto diante do universo. O céu que vemos à noite nos parece infinito e ainda assim é porção ínfinitesimal no oceano de estrelas. Não desprezemos, entretanto, o brilho de cada estrela, que com sua contribuição individualmente desprezível ajuda a compor o grandioso espetáculo da luz.
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