Navegando por aí, esbarrei com esta forma de fazer poesia, que virou novo hobby. Passa pela desconstrução de textos originais, em livros antigos. Os textos são parcialmente encobertos por grafismos e o artista/poeta deixa à mostra ou destaca palavras ou trechos, atribuindo novo sentido, criando nova obra sobre a original.
Ainda é novo para mim (embora minha coleção esteja crescendo), mas até onde pesquisei, o precursor e maior expoente parece ter sido o artista britânico Tom Phillips, que publicou em 1970 “A Humument: A treated Victorian novel“, criado a partir das páginas de “A Human Document”, publicado em 1892 por W.H. Mallock. Phillips desenhou, pintou e fez colagens sobre as páginas, deixando partes descobertas. Essas partes formavam novo texto, inclusive com novo protagonista, Bill Toge, cujo nome surgia das palavras “together”ou “altogether” no texto original. O próprio protagonista aparece apenas quando essas palavras surgem. Ainda é um trabalho em evolução, Phillips continua a transformá-lo. Achei interessantíssimo; tem um quê de dadaísmo na forma um tanto aleatória com que as palavras vão surgindo no texto original, mas ao mesmo tempo passa pelo oposto, uma construção elaborada.
Alguns podem considerar desrespeitoso que se escreva/desenhe/pinte sobre o original de outra pessoa. Em minha opinião, é necessário um mergulho profundo e sensível sobre o texto original. Portanto, encarei tudo o que vi como belas homenagens.
Para quem gostar, uma boa é buscar por aí “Found Poetry” e “Blackout Poetry”. Há coisas belíssimas, tanto no aspecto gráfico quanto literário.
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