Toma, pequeno: esta é a forma como enxergo o mundo e, somada a meu amor, é o que poderei te dar de mais valioso. Meu amor e meu olhar sobre o mundo, meus verdadeiros tesouros, acumulados por anos e cuidadosamente guardados para ti. Todo o mais que puder te dar não valerá tanto, pois que todo o resto não me vale muito e, de qualquer forma, dificilmente resistiria ao tempo sem que assimiles o que realmente vale, o que não míngua, o que não perece.
Recebe meu olhar sobre o mundo, é teu. Não espero e nem desejo que teu olhar seja igual ao meu. Aproveita, então, de meu olhar, apenas o que te convier. Acrescenta as nuances tuas; mesmo – e principalmente – as que divirjam de mim. Divide comigo teu olhar, ensina-me a olhar de novo, a ver diferente. Imprime teu próprio olhar sobre o mundo. Se possível, e na medida de tuas possibilidades, tenta fazer um lugar melhor ao teu redor. Mas deixa, também, que o mundo te imprima marcas; absorve o aprendizado que essas marcas te trarão: algumas, cicatrizes; outras, marcas que tu escolherás guardar na memória, talvez gravar na pele, como sinal de celebração ou rito de passagem. Não lamentes as marcas, tampouco vanglorie-se delas. Usa-as para acumular teu próprio tesouro e deixar tuas próprias marcas por onde pisares. A Vida existe desde muito antes de ti. As dobras do tempo guardam em si camadas de sabedoria, então a Vida sempre será mais sábia do que tu jamais serás e, algumas vezes, decidirá em teu lugar. Vibra na frequência boa e confia nas decisões da Vida, esta sábia senhora. Confia. E vive.
De mais, só te peço e, antes mesmo de te pedir, peço primeiro aos céus: sejam quais forem as nuances da tua forma de ver, a força do teu toque, o conteúdo em tua voz e a direção do teu caminhar, que jamais te falte gentileza – no olhar, nos gestos, nas palavras e nos passos. Pisa com gentileza sobre esta Terra e ela há de te retribuir com gentileza. Aí, então, me sentirei, eu, retribuída ao máximo, porque tudo o que mais desejo é que o mundo em que vivas seja um lugar onde haja espaço para a gentileza: para ti e para todos os que contigo dividam o tempo de tua jornada.
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