No Dia do Amigo, meu presente é preparar tua ida e arrumar jeito, dentro de mim, de ficar feliz com tua partida. Não é jeito fácil, mas tenho me esforçado e quando o dia chegar, tentarei estar sorrindo. Hoje, ainda não. Há muitos anos atrás, na volta do aeroporto, chorei tanto assim e lembro a Rê me dizendo: “Ela volta, Mari”. Mas agora…
Hoje passou filme na minha cabeça, desde o dia em que te vi no ponto de carona e pensei: “Essa menina deve ser gente boa… vou ficar amiga dela”. Minha intuição mais acerta do que erra e não precisei fazer força, a vida nos levou naturalmente uma à outra e não nos separamos mais, mesmo nos anos em que estivemos separadas. Mas agora a separação volta a assustar um pouco, porque agora parece mais definitiva.
Ah, minha amiga, só deixo que tu me deixes não porque é o amor o que te leva, mas porque é amor que te merece. No dia em que ele me disse que amava o Dersu – e da forma como ele disse que amava – eu soube que ele te merecia. Naquele dia comecei a me preparar. Já era pra estar preparada, né? Sou lenta…
Não fosse amor tão grande o que te espera, fosse amor mais mixuruca, menos especial, eu montava piquete em tua porta e não te deixava ir não; te convencia de que aqui há amor suficiente. Porque agora, onde é que eu vou encontrar quem descubra Friends 12 anos depois e venha rir comigo e me pedir pra não contar nada? Quem seja desconectada a ponto de não querer spoiler 12 anos depois?!!!! Quem troque textos para refletir? Quem seja o apoio, o socorro e o riso? E onde vou achar, a essa altura, quem tenha gargalhada mais alta que a minha (com o passar dos anos, a maioria vai rindo mais baixo…), quem preze e não tema o abraço, como eu; quem fiel e incansavelmente me acompanhe, em meio a tantas opções, na vitamina esquisita, pedida exatamente igual, diariamente, há tantos anos – primeiro porque tinha cor bonita então devia ser saudável; depois porque a gente aprendeu a gostar, mas só nós… quem seja a família escolhida no meu dia a dia, quem goste de cair no buraco negro, quem se empolgue mais que eu ao defender suas causas, quem conheça as cores do meu olhar, só de olhar, quem ame a ilha suja tanto quanto eu; quem, como eu, veja beleza no sol cruzando os vitrais e enchendo de luz e cores o corredor empoeirado?
Eu sei, a poeira foi-se acumulando de uma tal forma, criou camadas tão espessas que é difícil ver as cores, ver a luz. Mas um dia ela há de voltar. Vez ou outra, volte, venha nos ver. Estaremos te esperando e a luz do sol que iluminará teu coração já então mais leve, mais feliz junto daquele te faz brilhar, essa luz vai atravessar os vitrais. Quando vier nos visitar, você vai conseguir, de novo, ver somente as cores. Vai ser bom. Daremos nossas gargalhadas. E abraço forte, como sabemos dar. Abraço exige coragem. Nunca hei de encontrar alguém que tenha mais coragem para o abraço que você. Continuarei a te abraçar, ora longe, ora perto. Sempre.
(Li outro dia que os que choram são mais fortes. Somos duas fortalezas encharcadas.)
Deixar um comentário