A luz atravessa a trama do tecido
e preenche o quarto.
Abrandou-se ao cruzar a trama.
A travessia ensinou-lhe,
falando baixinho,
com voz calma:
há que ser mais suave.
Atrás da montanha
nuvens conspiram.
No fim da tarde, levarão o calor,
lavarão a terra.
Um dia, quem sabe,
hão de lavar o mal.
Talvez haja arco-íris.
A música atravessa a trama
de meus próprios tecidos
e é tão suave!
Toca minhas fibras
há tanto adormecidas.
Vai preenchendo cada canto
dos cômodos em mim
com luz.
Deve ser isso a paz.
Pelo menos em mim
e ao menos neste instante
Ela existe.
Existia, agora há pouco.
A chuva passou,
o momento também.
Mas existiu, foi real
e deixou sua marca
ao me atravessar.
Ali, naquele instante,
naquela marca,
houve luz, que era branca
e abrandou-se na travessia
das cortinas de mim.
Então, a luz, que era branca,
vestiu-se de cores várias:
arco-íris é quando a luz branca é regada
e paz vira felicidade.
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