O que queria? Que a poesia fizesse alarde feito retrato, que faz alvoroço sem esforço e sempre. E se o queria, é que a poesia retrato é, fotograma do avesso do que se vê. E quantos avessos têm trama tão mais bacana que seus direitos – já quantas vezes os preferi e fiquei contente a cada vez que achei avesso inusitado, melhor que o direito, que ninguém via e eu vi e assim usei. Já vi também muito direito bonito que tinha avesso mal acabado e deixei de lado. Muito me importa o avesso – em tudo. Queria então isto: que a poesia virasse gente do avesso e fizesse com que as gentes andassem por aí com o lado de dentro para fora, que Ela acordasse os olhos adormecidos do mundo, tão cegos àquilo que vale ver. Mas poesia – mundo tão triste -, ninguém via. Retrato, então, traz alegria, mas também traz – fazer o quê? – tiquinho de lamento, suspiro longo pela poesia, que ninguém via, que ninguém vê .
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