Ah, Buiú! Hoje ganhei abraço teu, abraço daqueles que há anos eu não ganhava. Pois é, teu abraço e teu sorriso eram tuas marcas, só tuas. Nunca houve outro abraço como o teu. E olha que o que eu abraço de gente por aí, não está no gibi. Gente como eu e você não vive sem abraço, é mais forte que nós. E quem queira relações distantes, sem contato físico, que fique longe de nós, vá lá para outros países onde todo mundo é avesso a abraço e onde as gentes como nós se deprimem.

Foi Vítor o mensageiro do abraço, mas por um momento, Vítor era você. Aquele sorrisão largo (“Lá vem ela!”), a corrida, o enlace apertado da minha cintura e a cabeça encostada na minha barriga, aconchego demorado, tudo isso sempre foi você; nunca o tímido Vítor, que não sabe bem como se aproximar, bichinho miúdo e assustado. Não sei como você conseguiu isso – mais uma das suas façanhas -, mas daí da estrela onde mora, conseguiu, finalmente, me enviar um abraço dos nossos. Fiz cafuné em sua cabeça, como costumava fazer e te vi, de novo, contente. Uma estrela fujona agarrou a cauda do abraço e veio junto dele, presente seu também, que deve ter soprado no ouvido da estrela: “Vai atrás!”. Ela pousou no meu olho e virou nascente. De lá, desde hoje cedo, vez em quando e sem que eu controle, brota uma água boa, dessas com sal cheio de energia, água dessas de lavar a gente por dentro. Hoje você voltou. Acho que veio me dizer que está feliz, tem um espaço enorme aí pra soltar pipa e correr. Acho que veio me dizer que está feliz por meus movimentos. Vez em quando você volta, vez em quando te vejo em outros, mas fazia tempo que não te via e há tantos de você por aí, hoje em dia! Vítor tem me feito pensar em você e, de novo, não há muito que eu possa fazer por ele, a história se repete… Mas para um desses de você, que ainda nem conheço, que ainda nem sei se já vive (embora seja vivo em mim), comecei a escrever história que tem final bonito, feliz. Já tenho as primeiras linhas. Vai ser história alegre e bonita como o teu sorriso largo.