Fazer pão é das coisas que mais gosto na cozinha. Não tenho máquina de pão, na verdade tenho poucas máquinas na minha cozinha, somente aquelas que acho realmente necessárias. Sou uma velhinha no corpo errado, não gosto muito dessas tranqueiras, então os meus pães são sovados a mão, mesmo. Eu gosto de sovar a massa, ir sentindo sua textura, decidindo se ponho mais farinha ou não, enfim, gosto do toque da massa. Mas não tenho qualquer convicção dogmática contra máquinas de pão e já comi pães bem gostosos feitos nelas. Deve dar para usar a receita na máquina, mas aí não sei informar as quantidades para que o pão caiba certinho na forma. Com máquina ou sem, cheiro de pão assando em casa é coisa boa demais, todo mundo devia experimentar fazer pão, ao menos de vez em quando.

Pessoalmente, tenho ido na contramão das máquinas. Ando caminhando em direção ao processo mais artesanal possível, estudando os pães de fermentação lenta, aqueles em que a gente cria o fermento do zero, a partir de uma bolinha de trigo umedecida, alimenta o fermento por vários dias, para depois então fazer o pão, tudo artesanal. O sabor de um pão feito com fermento industrializado nunca será igual ao dos pães obtidos com esse tipo de fermentação, lenta. É meio como tomar uma cerveja industrializada e provar a que seu amigo faz em casa (e faz com que você nunca mais queira saber de cerveja industrializada, aquele infeliz!). Além do sabor, eu acho o processo zen, o que me agrada. Qualquer dia posto um desses aqui.

Por enquanto, vai um pão com fermento de pacotinho, que eu não ouso chamar de integral porque leva também farinha branca; aliás, como aqueles que a gente compra no supermercado, que chegam a ter quase 70% de farinha branca e se dizem integrais. A proporção de farinha branca neste aqui é um pouco menor e eu acho que fica bem mais gostoso, mais denso. Tem também o fato de que você pode aproveitar a base (essenciais são as farinhas, fermento, água, azeite, ovos, açúcar e sal – os dois últimos em quantidades que podem ser alteradas) e variar ingredientes, acrescentar ervas, especiarias, frutas secas, pira aí, use a imaginação! Quer sugestões? Pão de passas com canela, pão com cebola desidratada e noz-moscada, pão com orégano, pão com alecrim, pão de nozes e damasco, pão de figo. Tudo isso dá samba, é só você querer sambar, experimenta! Solta as bruxas (hoje é dia)!

Pão de cereais

300 g de farinha de trigo branca (e mais o quanto baste)
250g de farinha integral
250 g de farinha de centeio
4 c (sopa) de aveia grossa
2 c (sopa) de linhaça dourada
3 c (sopa) de sementes de girassol
2 c (sopa) de gergelim
2 c (sopa) de açúcar mascavo
1 c (sobremesa) de sal
6 c (sopa) de azeite
2 ovos (veja a atualização abaixo)
700 ml de água morna
10 g de fermento biológico seco (1 sachê)

Misture o fermento com o açúcar e acrescente a água morna (não pode ser quente demais, para não matar o fermento) . Deixe descansar por 5 a 10 minutos, para ativar o fermento. Em outro recipiente, vá misturando os demais ingredientes secos e o azeite. Acrescente o fermento dissolvido com a água e 2 ovos batidos. Misture bem. Passe para uma superfície enfarinhada e sove a massa, acrescentando mais farinha, até soltar das mãos. Coloque em formas untadas e enfarinhadas e deixe crescer, coberto por pano úmido. Antes de assar, pincele a superfície com azeite e acrescente cereais sobre a massa. Leve ao forno bem quente, por uns 30 minutos, ou até que a parte de cima esteja bem dourada. Desenforme ainda quente e deixe esfriar sobre uma grelha, para que o vapor que se forma no fundo não umedeça o pão.

A receita rendeu os dois pães da foto.

Dica: a casca do pão fica mais crocante se houver vapor d’água enquanto assa. Se o forno não produz vapor, uma vasilhinha com água lá dentro, enquanto o pão assa, faz esse papel.

Atualização: hoje refiz esse pão e não acrescentei os ovos. Ficou ótimo.