Por ora, brincas nas nuvens. É que não sabes com que alegria tua chegada é esperada por estas terras. Preparamos-te uma festa. Não é festa pomposa, é simples, como gostamos e hás de gostar também. Não tem fogos e efeitos pirotécnicos, mas quando atravessares a porta, a luz que se fará nos olhos dos que te esperam será capaz de iluminar a cidade e tu hás de vê-la e de sentir-se na festa mais iluminada que já houve.

Arrumamos a casa, colocamos toalhas limpas, flores nas jarras e perfumamos o ar. Vestimos nossos melhores trajes, que vinham sendo preparados há anos para a ocasião. São trajes, talvez, não visíveis aos olhos. Para te receber, passamos anos vestindo-nos por dentro, tecendo os fios que formam a fibra interna que há de te formar. E o banquete, ah, o banquete! Há uma grande mesa posta, com toalha branquinha e assento reservado no coração de cada um. Alguns talvez cruzem contigo no meio do caminho, indo no sentido oposto. Acredite, esperaram tua chegada o quanto puderam e não se ressentem de teu atraso. Compreendem teus motivos. De onde estiverem, cearão contigo. Ensinaram, antes de ti, a nós, que não é preciso estar fisicamente presente para dividir o grande banquete da Vida. Ajudaram a preparar a tua chegada e estarão sempre presentes em teu caminho.

Chegou-nos a notícia de que já pensaste em vir, em eventos anteriores, mas achou-nos severos demais, exigentes, declinou do convite. Temos tentado aprender. Temos buscado ser mais brandos, mais compreensivos, menos duros. Talvez ainda exigentes, mas digo-te, e acredite: apesar de toda a rigidez, sabemos amar de verdade, vibramos no bem e achamos que podes sentir-se acolhida e ser elo nesta corrente. Venha logo, não te demores! Há tantos que te esperam e há tanto amor esperando! Hás de ser feliz, esperamos-te com amor e acalantos. Não receies, vem logo, Sementinha! Tua família, que já te ama imensamente, te espera.