Cada vez que passava por ela,
montando o galope do tempo,
deixava um fiapo de barba,
registro de seu amor,
o galante e garboso vento.
Ela, em troca, os guardava,
como se guardam segredos,
envoltos em muitas camadas,
trama sutilmente trançada
nos bicos do passaredo.
O amor dele a engravidava,
gerava frutos macios
e o amor partilhado brotava
e os brotos do seu desvario,
sementes, por ele espalhadas,
dançavam nas curvas do rio.
Vento, tampouco, calava,
logo ele, outrora sombrio:
o amor que nele pulsava
nos quatro cantos vibrava,
levado por seu assovio.
E quem por ali caminhava,
ouvia, até com arrepio,
a história do amor jurado
a uma frondosa árvore
por certo vento bravio,
que atravessou os tempos,
gerando frutos sadios
e aqueceu o coração
do valente vento tão frio.
Era amor tão longevo!
Não como tantos, banais,
que só sabem ser fugidios.
Foto: Marcus Moura.
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