Visto saia longa e ele corre, pula entre meus pés e se esconde. Para ele, não há dúvida: ora, para que serviriam panos tão longos e esvoaçantes, senão para esconderijo do gato? Fico ali parada, servindo de toca, sem ousar me mover e atrapalhar coisa tão séria como são as brincadeiras de criança. Olho para baixo e, sob a saia, por trás de mim, sai um rabo listrado, que, visto assim, parece meu; rio. A vida segue seu curso, com grãos de felicidade estourando diante de mim feito pipoca, milhos miúdos que explodem, crescem, somam-se, multiplicam-se e fazem me constatar feliz. São grãos brotados das pequenas coisas que me arrancam sorrisos inesperados, como o gato que salta alegre, de trás dos panos vários, para o bote certeiro no nada, a partir de onde – ele sabe -, começará mais uma vez a viver mil aventuras, sempre como se as vivesse pela primeira vez.