Lá ia a menina na parada: saia longa vermelha, com fitas coloridas aplicadas na barra, blusa branca de mangas bufantes e coletinho com passamanaria nas bordas, cordão fazendo ziguezague na frente, fechando o colete sobre a blusinha de mangas esvoaçantes. Nos pés, botinhas e, sobre os cabelos loiros e longos, arco de flores terminando, de cada lado, em fitas várias que acompanhavam, coloridas, o comprimento dos cabelos. Ela ia entre um bloco e outro, fora escolhida destaque e todo ano lhe diziam que era grande honra, ser destaque. Naquele ano, era polonesa. Enquanto desfilava, ponto único entre blocos de meninos e meninas, olhava para trás e via seus amigos, todos em shortinhos e camisetas, formando o pelotão. À frente, igual. A menina, vestindo fantasia linda, entristecia e invejava os amigos em seus uniformes leves: os de short e camiseta marchavam juntos, enquanto o destaque cruzava a avenida destacado, mas solitário; sem iguais, sem pares. A menina ainda não sabia, mas ali aprendeu: no futuro, quem quisesse o posto isolado de destaque, que o tivesse; ela sempre acharia mais feliz marchar entre os vários.