Carlos Ruiz Zafón é um escritor espanhol, nascido em Barcelona, em 1964. Seu romance de estreia, “O Príncipe da Névoa”, foi lançado na Espanha, premiado e traduzido para vários idiomas.

O que Zafón entrega ao leitor é puro entretenimento e, às vezes, é só isso mesmo o que se quer: um livro envolvente, bem escrito, divertido. Provavelmente, ele traz essas marcas de sua atuação como roteirista em Los Angeles. Seus livros têm sempre um clima noir, envolvem algum crime ou mistério. Entre eles, “A Sombra do Vento”, que se passa na Espanha Franquista, a partir de 1945, continua a ser meu preferido, talvez porque tenha sido aquele que me apresentou a Fermín Romero de Torres, que rouba a cena e arrisco que seja um de meus personagens favoritos, de todos os tempos.

Fermín é inteligentíssimo, debochado, dono de um humor ácido e irônico. Torna-se fiel escudeiro de Daniel Sempere, filho de um viúvo livreiro que luta para manter as contas de sua livraria em dia. Ao buscar a solução para um mistério, Fermín e Daniel nos levam a um passeio por Barcelona e seu Bairro Gótico. Essa é uma característica dos romances de Zafón: folhear suas páginas é como ser levado, por um guia local e apaixonado, a conhecer as entranhas da capital catalã.

“O Jogo do Anjo”, lançado em seguida, embora seja bom e também gire em torno do Cemitério dos Livros Esquecidos, não chega a ser tão envolvente quanto seu antecessor. Já “Marina”, voltado para o público infanto-juvenil, é, paradoxalmente, o mais pungente entre seus livros.

Em “O Prisioneiro do Céu”, Daniel e Fermín retornam, sua história prossegue e passamos a conhecer, também, o enredo que levou Fermín a se aproximar da família Sempere. Onde há Fermín, há riso garantido. Prepare-se para umas boas gargalhadas. Este trecho, uma das relexões “ferminianas” de que mais gosto, dá uma ideia de seu temperamento: “A televisão, amigo Daniel, é o Anticristo, e eu digo que bastarão três ou quatro gerações para as pessoas não saberem mais nem peidar por conta própria e para o ser humano voltar à caverna, à barbárie medieval, a estados de imbecilidade que a lesma já superou por volta do Pleistoceno.”.