Coleção bacana, que conta histórias de admiráveis mulheres reais, latino-americanas, para pequenas, mas futuras grandes mulheres. Nos dois primeiros números, Frida Kahlo e Violeta Parra. Os meninos também devem gostar!

Achou meio punk contar as histórias das duas para criancinhas? Tanto sofrimento e até suicídio! Amo e admiro as duas, mas também me perguntei: será que crianças não deveriam ter direito a um mundo encantado? Depois me lembrei de uma coleção que meus pais assinavam para mim e meus irmãos. Era uma publicação mensal, para o público infantil, e tinha um lado cômico, lúdico, mas também trazia, a cada edição, capítulos da biografia de alguma grande personalidade. Ali aprendi que Stradivarius (Antonio Stradivari) passou a fazer violinos porque tinha uma enorme frustração: amava música, mas era extremamente desafinado, não conseguia cantar e seus violinos passaram a cantar por ele. Foi ali também que li a biografia de Schubert e aprendi que a vida dele havia sido extremamente sofrida. Eu tinha uns 9 anos e fiquei sensibilizada, quis ouvir sua música e me lembro de pensar que não deveria ter morrido tão jovem, sem o merecido reconhecimento. As histórias eram contadas de forma sensível, embora envolvessem sofrimento; às vezes, bastante sofrimento. Tudo depende, então, da forma como se conta a história. Imagino que assim deva ser com esta nova coleção e espero que a pegada seja sensível. Até porque, sofrimento por sofrimento, os contos de fadas são um prato cheio. Há coisa mais cruel do que ser trancada num porão ou envenenada pela própria madrasta?

Eu gostei, acho que meninas merecem mirar-se em uns modelos mais interessantes.  Não precisamos extinguir todas as princesas de contos de fadas, mas convenhamos que princesa que tem como único propósito encontrar um príncipe que a faça feliz e que fica usando sapatinho como artifício para arranjar marido, melhor que fique adormecida pela eternidade. Falta de objetivo na vida!