Queria ser contadora de histórias e inventar, para cada um, uma vida mais bonita que aquela que de fato era vivida. Talvez, ao ler as histórias, cada um quisesse, de fato, fazer sua vida – a vivida – mais bonita. Queria fazê-las belas porque as vidas, um dia, teriam fim, mas as histórias, se fossem boas, se fossem belas, contariam as pessoas e sobreviveriam a elas. Nas histórias, cada pessoa seria perpetuada. E de cada uma delas, afinal, o que viveria era isso, é o que vive de todos nós: as histórias que contam, de nós, aqueles que nos amaram. Essa era a única verdade. Se era assim, então cada um que passasse por sua vida teria direito a uma longa e verdadeira vida feliz. Ser contadora de histórias era o dom supremo: o dom de não somente criar vidas, mas criar vidas eternas, vidas felizes.