Acho que esta é a realidade de um monte de gente: não tenho tido tempo para cozinhar ao longo da semana e, muitas vezes, não acho que a comida que eu como na rua faça jus ao valor cobrado. Então tirei um tempinho do final de semana para fazer minha própria comida e garantir que vou me alimentar bem (saudável, saboroso, com custo justo) nos próximos dias. Já que o tempo anda curto, resolvi me virar com três versões de carne (vermelha já cortada para picadinho), filé de peito de frango (já desossado) e filé de peixe, todas versáteis, que não exigem preparo longo. Com essas três, dá pra fazer uma festa.
A carne vermelha foi dividida em duas partes: uma virou estrogonofe e outra, carne thai com legumes; o peixe foi, parte, temperado e empanado com trigo e amido de milho (para crocância) e vai ganhar molhinho escabeche ou de camarão por cima; outra parte foi assada no papillote. Por fim, o filé de frango foi temperado, refogado até ficar douradinho e uma parte eu ainda não decidi se vai ficar por aí mesmo, basiquinha, talvez sim, para que eu possa brincar com o acompanhamento.
A segunda parte do frango ganhou molho agridoce, assim: temperei os filés de frango com orégano, alecrim, alho, folha de louro, sal, pimenta-do-reino, pouquinho de suco de limão, vinho branco. Deixei apurar na geladeira por uma hora. Depois dourei cebola com folha de louro e pimenta-do-reino em um fio de óleo, até que a cebola estivesse bem moreninha (mas não queimada, para não amargar). Aí acrescentei os filés e fui deixando que ficassem moreninhos ali na cebola refogada. Filé de frango não pode cozinhar muito – perde o ponto, fica duro – mas também não pode cozinhar pouco (frango cru é um horror), então tem que vigiar mesmo. É importante ir esfregando o frango no fundo da panela para que ganhe cor (com delicadeza, para não desmantelar os filés). Assim que estava cozido, retirei da panela. O tempo? Depende da espessura do filé, da temperatura do fogo… você vai ter que experimentar, testar. Na mesma panela, para aproveitar aquele fundinho com sabor do frango, acrescentei manteiga, açúcar mascavo e deixei derreter. Juntei maçã e damasco picadinhos, uvas-passas claras. Reguei com shoyu (cuidado com o sal do shoyu), um fio de creme de vinagre balsâmico, colherinha (chá) de mostarda, fio de mel. Deixei isso tudo cozinhar, acrescentando água quando necessário. Finalmente, dissolvi no molho, mexendo rápido com um fuê, um pouquinho de amido de milho para dar textura e brilho. Devolvi os filés de frango ao molho. Dois minutos para absorver o molho e apaguei o fogo.
E as quantidades, fiquei te devendo? É que foi tudo feito meio de olho, não medi nada. Eu podia dar estimativas de quanto usei de cada coisa, mas realmente acho que a gente deve, de vez em quando, se aventurar na cozinha sem fórmulas fechadas. Passei os ingredientes e a forma como fiz. Vá testando de acordo com seu paladar, mude o que você não gosta, brinque com as quantidades, divirta-se! Cozinhar só seguindo receitas, pelo menos para mim, torna o ato de cozinhar um negócio muito chato. E a ideia deste espaço aqui é, em parte, que as pessoas se animem a cozinhar e gostem. Aventure-se!
Depois passo as receitas dos outros pratos, mas a ideia inicial era mostrar que dá para fazer, num par de horas, comida para garantir que a gente coma bem ao longo da semana. Ok, os pratos principais não vão estar fresquinhos, congelo ou refrigero isso tudo, dependendo de quanto tempo vá levar para consumir, mas ainda assim vão estar melhores do que muito do que eu como por aí. Enquanto escrevo, o feijãozinho que deixei de molho antes de ir dormir, ontem à noite, cozinha, e o cheiro invade a casa. O feijão aqui de casa é vegetariano, então acrescento tofu defumado ou fumaça em pó (pois é, isso existe) para dar aquele aroma defumado que costuma ficar por conta de carnes. Quem come jura que tem carne no feijão. Fiz isso tudo, mais brownies (tem receita aqui) e aí é só ir complementando com legumes, saladas, arroz fresquinho, e você tem comida ótima e a preço razoável para a semana toda, sem precisar perder o final de semana. É claro que um cozinheiro experiente é mais rápido, mas ninguém se tornou experiente sem experimentar. Então anime-se, criatura! Cozinhar em casa não é nenhum bicho de sete cabeças. Pode ser jogo rápido e pode ser jogo lúdico, se você se permitir brincar com o processo.
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