Dia desses publiquei um texto sobre deixar a cidade, selva de asfalto, rumo a uma vida mais simples, no campo. Tem me surpreendido – até me emocionado – a quantidade de pessoas que foram tocadas por esse texto, que dizem sentir da mesma forma, que dizem querer isso também. Em um outro texto, havia escrito que é natural ao ser humano sentir felicidade por não estar só em seus sonhos. Talvez estejamos precisando, mesmo, é  lembrar de onde viemos. E esse “onde” talvez não seja ponto referenciado por coordenadas. Talvez seja só um lugar guardado dentro da gente. Há um espaço, em cada um de nós, para o amor, para o sorriso, para a partilha, para o bom-dia, para a gentileza, para o encontro, onde quer que nossa vida quotidiana se desenrole. Se cada um de nós cuidar desse seu lugar, talvez não precisemos, com tanta urgência, buscar algum outro lugar para viver. Precisamos lembrar como é que gente vive. Gente de verdade, sabe? Porque gente é para isso: para brilhar (como diz Caetano) e para o encontro (como eu acredito). Que sejam bem-vindos todos os encontros que nos levam ao lugar que nos é próprio. Que nos lembremos de que quem faz o encontro somos nós.

 

P.S.: A música, no vídeo, é “Lembrar”, do Moxuara, que fala de partir, deixar o lar. Tem letra bonita, veja abaixo. Programei o vídeo para começar a tocar a partir dela, mas ouça o álbum inteiro. Moxuara costuma nos levar a esse lugar de que falo aí em cima.

 

Lembrar
(Grupo Moxuara
Compositor: Flávio Vezzoni)

Vou-me embora,
levo a mala e a velha canção,
nas mãos, no peito.
Deixo aqui nada mais
pra recordar do que um mundo
que o tempo fará lembrança
e a impressão que o universo me trará.

Vai comigo um sonho,
a casinha, o luar, um violão,
um choro.
Um inverno, uma estação,
um te amo, um até.

Levo mais, muito mais
que a velha canção.
E o vagar nas lembranças
me traz à tua luz.
Um soluço eternamente seu.
Senhora, que um dia,
me fez.